Quem será convidado para a sua cerimônia de casamento é, obviamente, uma decisão dos noivos e de mais ninguém. Quando eu me proponho a abordar o tema, o faço porque entendo que há uma certa inocência em relação ao fato de que esta é uma questão de escolha e não de constrangimento. Costuma-se fazer convites sob a força de certas pressões que me parecem absolutamente sem sentido. Vou citá-las e criticá-las, mas só apresento minhas opiniões e tenho a intenção de convidar à reflexão, especialmente, os noivos que estão se preparando para a organização de sua festa de casamento.
Quero começar afirmando que todos os seus amigos devem ser convidados para estarem presentes neste momento importantíssimo de suas vidas. Mas me diga, sinceramente, quantos amigos vocês têm? Eu disse amigos, não conhecidos ou colegas de trabalho. Não estou me referindo, também, aos seus primos de segundo ou terceiro grau, aqueles que vocês sempre encontram em casamentos e enterros. Estou falando de seus amigos e não dos amigos de seus pais, que vocês conheceram em um ou dois encontros ao longo da vida.
O casal deve ter em mente que o número de convidados para a festa de casamento é um dado fundamental, disso dependerá todas as outras coisas a serem definidas, tais como o local em que ocorrerá a cerimônia, os gastos com a iluminação, som e as despesas com buffet. Cada nome que vocês escrevem naquele papelzinho é dinheiro que vocês irão investir para que aquela pessoa esteja ali. Deve valer a pena tê-las junto de vocês, tanto no que diz respeito à alegria de vê-las neste tempo de máxima celebração, quanto pela energia espiritual que estando elas presentes trarão, numa junção de bons desejos para a felicidade de vocês.
Vamos analisar algumas questões críticas quando o assunto é a lista de convidados. A mais delicada, a meu ver, é se os amigos dos pais devem ser considerados nossos amigos também, e se é causa de uma “crise diplomática” deixar de convidá-los. Bem, a resposta não é simples, mas vamos a ela. Se, desde o início, vocês explicarem a seus pais que farão uma casamento simples (uma cerimônia íntima), isso pode ajudar a reduzir os desgastes. Além disso, é preciso que se diga que há um espírito, uma ideia clara no que vocês estão fazendo. Vocês estão numa contracultura em relação àquilo que se tem proposto como um mercado de bênçãos conjugais.
Mais ainda, se for verdade, digam que estão preocupadas em receber a benção de Deus e de seus pais e amigos, para esta jornada que é espiritual, mais que social, embora o seja também. E tem ainda os pais, espero que não seja o caso de vocês, que são absolutamente “sem noção”. Não vão pagar nada, ou quase nada, e desejam que façamos uma festa que “fique registrada na história da cidade”. Que é isso?!? A festa deve ficar registrada na história de nossas vidas e na memória dos que nos amam. A cidade que comemore o dia da padroeira! Contudo, não devemos radicalizar a ponto de não chamarmos pessoas realmente íntimas de nossos pais, não vale a pena magoar os nossos maiores parceiros no casamento e na vida, mas, sob hipótese alguma, percam as rédeas da festa de vocês.
Um outro ponto delicado é o que diz respeito a convidar os colegas de trabalho. Creio que precisamos estabelecer princípios. E o primeiro é que o casamento é um cerimônia íntima, para os amigos mais próximos (todo verdadeiro amigo é “próximo”). Se deixarmos isso claro, penso que evitaremos desgastes desnecessários. Nada de colocar um convite no quadro de avisos da empresa! Nada de convidar aquele seu colega que trabalha na mesa em frente a sua, por pura geografia executiva. Convide os seus colegas de trabalho que se tornaram seus amigos e quando o pessoal perguntar porque vocês não convidaram todo mundo, bote a culpa no Case Simples!
Também acho que vocês não devem convidar seus chefes por pura etiqueta coorporativa, isto pode, antes, ser entendido como um gesto adulatório, que não me parece cair bem na imagem de nenhum profissional. Mas, por outro lado, não deixem de convidar um superior hierárquico que você de fato respeita e admira, por medo do juízo de seus colegas. Tentem ser coerentes com os princípios que estabeleceram para vocês mesmos.
Por fim, vamos abordar a questão dos parentes. De cara temos a tendência de imaginar que se é parente deve ser convidado. Não penso assim. Entendo que devem ser convidados aqueles que são de nossa relação cotidiana. Pra falar a verdade, eu acho que os parentes distantes (quer pela sanguinidade, quer pelo afastamento em que vivem) nem esperam ou querem mesmo ser convidados, acabam indo por “consideração”. Logo, o que está em jogo não é tanto o grau de parentesco, mas a proximidade e a interação que durante a vida foram se formando.
Acho que se o casal conseguir chegar a um número entre 50 e 70 convidados, fez um feito digno de nota e devem compartilhar a experiência entre nós do Case Simples. Mas, a grande verdade é que um casamento simples não se mede pelo número de convidados, mas pelo foco no essencial, que é a benção de Deus e o encontro de amor que ali é celebrado. Simples é tudo aquilo que é feito com sinceridade, respeito e para a glória de Deus, dentro das posses de cada casal
Com carinho,
Pr. Martorelli Dantas